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Era uma vez...e foram felizes para sempre!

No fundo todos gostamos de romances e finais felizes! Aqui ficam pequenas partilhas das emoções que vivemos até ao momento do beijo que nos desperta!

Era uma vez...e foram felizes para sempre!

No fundo todos gostamos de romances e finais felizes! Aqui ficam pequenas partilhas das emoções que vivemos até ao momento do beijo que nos desperta!

Maria Morena

Está perguntar-me se eu gostava de ter vivido um romance? Oh minha querida, quem não gostaria... Mas sabe, quando há pouco dinheiro, muitas dificuldades e filhos para sustentar, o romance fica para outra vez.

Eu até tive muita sorte, casei com o homem que escolhi e ainda hoje é muito meu amigo.

O nosso casamento foi muito bonito. Pobrezinho, é verdade mas ninguém ficou sem comer e beber. Não tivemos as modernices todas que existem agora, nem uma fotografia para a lembrança, o meu vestido não era comprido, com cauda e véu e o fato dele era o de domingo. Mas lá casámos.

Se fui feliz? Fui... à nossa maneira mas sim, acho que fomos e que ainda somos!

Sabe, lembro de ainda ser jovem e às vezes ler às escondidas as fotonovelas que muito de vez enquanto dava para comprar e sonhava que era uma daquelas raparigas, com aquelas roupas chiques que elas usavam. Normalmente, haviam sempre dois pretendentes muito bem parecidos que lutavam para ver quem ficava com ela! E era como se por um bocadinho, vivesse outra vida que não a minha e tivesse a oportunidade de ver coisas que nem conhecia. Não me recordo do nome da personagem mas havia uma que eu gostava muito, era médica e tinha uns cabelos muito compridos com uns caracóis muito grandes loiros!

Olhe lá para mim, está a imaginar-me loira e médica?!?! Ai meu Deus, só isto agora para me fazer rir!

Mas rapidamente tinha de acordar e voltar a ser a Maria de cabelos castanhos pelos ombros. Havia sempre tanta coisa para me fazer despertar e rapidinho. Nem queira saber a trabalheira que seis crianças davam, principalmente quando tinha de fazer tudo à mão, que não havia cá estas máquinas de agora. A roupa era lavada no tanque e seca ao sol, a comida era feita em dois tachitos e uma frigideira e olhe lá... que havia muita gente que nem isso tinha.

Acha que no meio disto tudo, nos lembrávamos de ser românticos, acha? O meu homem saia de casa ainda de noite e quando voltava, na maioria das vezes já eu e os miúdos dormíamos.

Era assim, que remédio. Como é que nos governávamos se não fosse assim.

Eu ainda trabalhei fora de casa durante uns tempos mas tive de parar que as crianças andavam sozinhas o dia todo. Para além de que o almoço e o jantar não se faziam sozinhos, nem as meias conheciam o caminho até à caixa de costura.

Hoje, reformados, com os filhos criados e os netos a chegar já fazemos um bocadinho mais de companhia um ao outro, damos uns passeios depois de almoço, falamos sobre as noticias, sobre os miúdos... Mais eu, que ele não é de muitas falas. Nunca foi.

Mas eu sei que ele é muito meu amigo.
E diga lá, há melhor coisa que isso?

Ainda hoje gosto de ver as novelas mesmo que agora já não sejam em papel. E às vezes ainda sonho em ser a médica dos cabelos loiros.

Mas olhe, se quer que lhe diga, depois olho para o meu pretendente e acho que a louraça é que ia gostar de ser aqui a Maria morena!