Santo António de Lisboa Era um grande pregador Mas é por ser Santo António Que as moças lhe têm amor. O manjerico comprado Não é melhor que o que dão. Põe o manjerico ao lado E dá-me o teu coração. Quadras ao Gosto Popular, de Fernando Pessoa
Mas será que este mundo é o real e o único possível de se ter?
Por vezes acho que as minhas janelas estão turvas e por mais que me esforce para ver o que está lá fora, não consigo. As imagens fogem-me como se de miragens se tratassem. Rapidamente os oásis que avisto se transformam em desertos.
Outras alturas o sol encandeia-me de tal forma que os olhos cerram-se por entre os raios de brilho. Inatingíveis e impossíveis de atravessar. Ou pelo menos impossíveis de serem atravessados por mim.
Mas também tenho os meus tempos de conforto e nesses a sensação de que a terra gira no sentido correcto é inexplicável. Recosto-me na minha comodidade, fecho os olhos e o mundo todo cabe naqueles segundos.
Perfeito.
Na maioria das vezes duvido deste pensamento. Custa-me a acreditar que o mundo todo seja este. O da minha casa e da minha cabeça.
Tenho vontade de abrir portas, partir janelas e arrancar telhados.
O ar protegido que respiro dentro misturar-se- á no que está fora e as ideias vadiaram por ruas que não conheço.
Virão outros cheiros, cores e caras.
Troco o que domino pela grandeza do que não sei e aí torno-me maior do que o que alcanço.
A minha casa só fará sentido quando se misturar com outras casas, com outras verdades.
Todo!
(Baseado na frase de Al Berto "A casa é sempre o centro e o sentido do mundo. A partir daí, da casa, percebe-se tudo. Tudo. O mundo todo. No momento em que a minha realidade se fundir com a veracidade do que me envolve, aí sim, terei o MUNDO!")