Eu sei que tens muita coisa para fazer e o jogo para ver, etc, etc. Mas é só um bocadinho.
Tenho saudades tuas. É verdade, mesmo vivendo na mesma casa tenho saudades tuas, nossas.
Diz-me à quanto tempo não ficamos assim? Juntos. Não estou de te sentares aqui ao lado. À quantas eternidades não desfrutamos um do outro nem que seja com um olhar?
Sim, também tenho a consciência que na maioria da vezes sou eu quem tem muita coisa para fazer e acabo por te deixar para o fim na minha lista de prioridades e afazeres.
Mas isso não significa que não gosto de ti ou que não sinto a tua falta. Às vezes deixo-me levar pela engrenagem do nosso dia a dia e torna-se tão complicado pôr um pé de fora para a parar...
Quando somos crianças, desejamos que o tempo passe a correr para que possamos ser adultos e ter o controlo total sobre a nossa vida, sem ter que justificar as nossas decisões. Na realidade, dura realidade, chegamos a adultos e efectivamente os nossos pais já não "mandam" em nós mas entre trabalho, chefe, casa, crianças, dinheiros, etc, etc, etc... o poder que julgámos um dia vir a ter, desaparece em segundos.
Desligaste a televisão? Então e o jogo? A sério que não queres saber?
Que saudades eu tinha destes momentos, de apenas existir contigo.
Deixamos o mundo do lado fora com a mensagem de que "neste momento não nos é possível atender".
Sem mágoas, sem dramas e principalmente sem desilusões!
Se esse dia alguma vez chegar, não te deixarei de amar mas não te reterei.
És meu enquanto me desejares tua e só assim poderemos ser um do outro na plenitude!
Não me interessa quanto tempo duramos mas sim a intensidade com que nos vivemos, a força com que nos entregamos e o desejo com que nos ansiamos!
Estaremos juntos o tempo que tivermos a vontade de nos encostarmos na mesma almofada e de nos sentarmos na mesma mesa! Ficaremos lado a lado enquanto a vontade de contar todos os pormenores do dia existir ou enquanto o silêncio nos proporcionar momentos de calma e intimidade.
Quero olhar para trás e acreditar em tudo o que vivemos e jamais pôr em causa o fervor e veracidade de cada gesto ou palavra.
Levaste-me para um mundo que não conhecia sem o menor problema de consciência!
Um dia dizes que me amas e no dia a seguir apregoas que já não queres mais!
Como? Não entendi?
Acordaste e lembraste te que afinal já não te apetece?
Na semana passada estávamos os dois a olhar para os folhetos das férias para o próximo Verão e hoje estou a olhar para caixotes numa casa praticamente vazia, sozinha... Arrastaste-me para um universo que nunca tive vontade de conhecer e onde sou a única habitante!
Perguntei te vezes sem fim "porquê???" e tu nunca tiveste uma resposta. Que amor era este que durou anos e terminou em oito horas enquanto dormias?
Conseguiste que pusesse em causa tudo o que vivemos, sentimos e o que eu achava que era o meu plano de vida! Fizeste-me sentir ridícula, ingénua e vazia!
Obrigaste-me a mudar de vida sem pré-aviso e sem demonstrares qualquer preocupação!
Fiz das tripas coração para abrir a porta de um espaço sem saber o que iria encontrar lá dentro.
Duvidei da minha habilidade de conhecer as pessoas e até ao momento não sei em que estado ficou a minha capacidade de me entregar a alguém. Preciso de mais um tempinho para a organizar e arquivar as dúvidas e as incertezas e voltar a perceber quem sou. Ou melhor em quem me tornei.
Para já vou começar por arrumar os caixotes. Garantidamente é mais fácil.