Mudança
Ensinaste-me que somos o que sentimos!
Na minha cabeça tinha uma ideia muito organizada e vincada de quem queria ter ao meu lado. Com que tipo de homem queria passar e partilhar a minha vida.
Sempre o procurei e algumas vezes o encontrei e na verdade nunca funcionou...
Nunca parei muito para pensar o porquê das minhas relações não funcionarem, fui atribuindo as responsabilidades a factores alheios, onde cabem uma imensidão de motivos e desculpas.
Mas a falha nunca seria dos pretendentes escolhidos. Já na adolescência me sentia atraída por homens intelectuais, sérios, rectos, com metas e objectivos muito bem definidos. Todos que fugissem destes critérios não sequer dignos da minha atenção.
Acreditava que com alguém assim ao meu lado tinha tudo para ser feliz e conseguir facilmente atingir os meus sonhos e ser uma grande mulher de sucesso! Alguém que fosse respeitado e que fosse visto como um exemplo de mulher de carreira!
Muitas foram as vezes em que os meus amigos se divertiram à custa das minhas relações, chamavam-nos muitas vezes de casal robot, de tão cinzento que éramos.
Agora chegaste tu... e baralhaste e deste a volta a tudo que eu tinha como tão seguro.
Ainda me lembro, da primeira de vez que te vi. Completamente despenteado, de t-shirt e calções e ainda com areia nos pés. E eu ali, com o meu fatinho a tentar dar uma imagem descontraída num almoço de trabalho numa esplanada à beira da praia.
Olhaste para mim e riste-te como se nos conhecemos desde sempre e com isso desconstruíste-me.
Aproveitei para ficar a trabalhar por ali o resto da tarde mas na realidade não conseguia tirar os olhos de cima de ti.
Até que te sentaste e me perguntaste se alguma vez tinha experimentado dar um mergulho de fato.
Nunca mais te larguei e todos os dias ensinas-me que a vida é tão mais do que sonhamos e projectamos.
A nossa existência não se pode resumir a planos feitos em base quadrada e linhas rectas e é fantástica se a vivermos a cores!
Aprendi que nem sempre o que achamos ser o melhor para nós, é o que nos faz realmente feliz.
Mais, descobri que, apesar de preferir mergulhar com biquíni, à falta de melhor o meu fato cinzento serve perfeitamente.