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Era uma vez...e foram felizes para sempre!

No fundo todos gostamos de romances e finais felizes! Aqui ficam pequenas partilhas das emoções que vivemos até ao momento do beijo que nos desperta!

Era uma vez...e foram felizes para sempre!

No fundo todos gostamos de romances e finais felizes! Aqui ficam pequenas partilhas das emoções que vivemos até ao momento do beijo que nos desperta!

A nossa sorte

Nem imaginas o que é que me aconteceu esta tarde, lá no escritório!

Estava de embrenhada em papéis, mails e telefonemas quando fui assaltada pela tua imagem na minha cabeça.

Que engraçado, não achas? Já lá vai o tempo em que isto me acontecia diariamente! Mas o que é certo é que voltou a suceder hoje.
Curioso... Dei por mim recostada na cadeira a pensar em ti, nos teus olhos malandros e teu sorriso de garoto.
Tantas memórias vieram à luz do dia. Diga-se de passagem, tantas boas memórias. O início do nosso namoro, a exaltação a cada encontro, o irmos morar juntos.... um sem número de momentos de partilha.
Deixei fugir uma gargalhada ao relembrar o jantar de ontem. Mais uma noite das tuas experiências culinárias que acabou com pizza congelada. Não fiques chateado por me estar a rir, acredita que não estou a gozar. Bem pelo contrário!

Acho o teu esforço simplesmente adorável!

A certa altura, comecei a interrogar-me de onde vinha tudo isto, assim sem aviso prévio.

Não é que eu tenha dúvidas do que sentimos um pelo outro, nada disso. Mas, a menos que me esteja a esquecer de alguma data especial, hoje é um dia normalíssimo, igual a muitos outros.
Despedimo-nos de manhã, falámos ao telemóvel durante o dia... ESPERA! PARA TUDO!
E como se um raio me tivesse atingido, apercebi-me que desde que saímos de casa, não voltamos a falar.

Eu sabia que ias ter o dia cheio de trabalho, aliás se bem te recordas comentámos entre uma e outra fatia de pizza, que irias estar fechado na sala de reuniões, basicamente todo o dia.

Nunca me tinha apercebido que aqueles quinzes segundos de "está tudo bem?" a meio do dia eram tão imprescindíveis como todas as nossas conversas de horas infinitas.

E mais uma vez surgiu o arrepio na pele e as borboletas no estômago! E a exaltação do próximo encontro disparou!

Tu já viste a sorte que nós temos?

Onde estamos?

Dizes que me amas mas ultimamente só me despertas ira.

Gritas aos quatro ventos que não vives sem mim quando na realidade o que tens estado a fazer é afastar-me quando me apertas!

O que tu chamas de amor, eu chamo sufoco e o que sentes como paixão, eu vivo como loucura.

Que é feito do homem extraordinário que me repetia vezes sem conta que o que o apaixonava em mim era a minha aptidão de andar sempre no mundo da lua?
Quantas vezes ficavas parado a rir e a assistir à minha busca incessante das chaves, telemóvel, carteira e afins?



Hoje, tudo te tira do sério... para logo a seguir pedires desculpa e descarregares a lenga-lenga do "eu amo-te, desculpa, eu amo-te"

Dizias que o que te encantava em mim era a capacidade de ser única. De repente, essa singularidade, passou a ser corriqueira e a razão passou a ser exclusividade tua.
Começamos a fazer tudo juntos e a andar como se fossemos um só. Não me interpretes mal, eu adoro a tua companhia mas somos duas cabeças e duas vidas, que apesar de juntas e unidas não se fundiram. Eu entendo que foi a forma que encontraste para me provares que ainda me queres mas será que não vês que tudo à nossa volta se tornou maquinal?

Que é feito da espontaneidade dos nossos dias? Cada um tinha o seu ar e o seu espaço e era isso tornava que os nossos momentos repletos de fascínio, emoção e paixão!

Onde andas? Onde estamos?

Quero tanto que voltes! Aliás, precisamos que voltes!

Para existirmos!




Agora era a sério

Subiu as escadas e não podia acreditar que isto lhe estaria a acontecer…
 
Se isto fosse um filme, este seria o momento em que alguém carregou no freeze! 
O coração estava suspenso por uma linha quase transparente de tão ténue. Tinha mesmo acabado e desta vez não eram só ameaças. 
O pânico de ver metade do roupeiro vazio, transformou-a numa louca pela casa, a abrir gavetas e armários, com os olhos vidrados prontos a largar uma dor tão funda como nunca tinha conhecido.
 
Ele tinha realmente ido embora!
 
Foi-se deixando cair no fundo da cama até se enrolar sobre si própria e sobre o seu sofrimento. O mundo podia acabar neste preciso momento que lhe era indiferente. 
Aliás o seu mundo tinha terminado neste preciso momento. 
 
Nunca acreditou que ele tivesse a coragem de a deixar e levar com ele a vida que ela respirava e na realidade nunca o entendeu quando lhe dizia que já não queria continuar junto dela. Na sua cabeça ouvia um dialecto diferente, imperceptível aos seus ouvidos mas principalmente desconhecido da sua alma.
 
Que raio de conversa era aquela, que queria fazer outras coisas na vida, que ela já não o atraía, que já não gostava dela da mesma maneira. Aonde é que ele ia buscar estas ideias. "Tu andas é a trabalhar demais" dizia lhe sempre como modo de terminar ali o assunto e com a esperança que ele se esquecesse de todo aquele disparate.
 
Mas agora era a sério.
 
Ele já não estava lá para ela o dissuadir. Tinha ido e sem deixar rasto nem vontade de voltar.
Deixou-se ficar envolvida na escuridão e nomeio de tantas lembranças, fotos e objectos que outrora foram motivo de tantos beijos e abraços.
 
Acreditava que se não se mexesse um milímetro e fechasse os olhos, o caos acabaria e tudo voltaria à normalidade.
 

 

E ali ficou, embrulhada na ilusão, involuntariamente incapaz de olhar à volta.
 
Apenas ficou.

Espero

Uma menina de família não anda por aí com as outras. Dá-se ao respeito! Uma menina de bem não vai abanar-separa os bailaricos! Assim, a menina não arranja marido!

Tantas vezes, que a sra. minha mãe me transmitiu estes ensinamentos, que mesmo hoje com quase 7 décadas vividas ainda as tenho na minha cabeça.

E se eu gostava de dar um pezinho de dança… mas sempre no meio das giestas , sem ninguém a ver ou a acompanhar. Que a sra. minha mãe diz que moça decente não se encosta a um homem que não seja seu esposo e mesmo assim é ele e sempre ele que a procura e nunca, em tempo algum, ao contrário!

Desde que me lembro de ser gente que sei cozinhar, bordar lençóis e toalhas e fazer uma limpeza daquelas que se pode comer no chão. Era assim, era a nossa obrigação. Como dizia a sra. minha mãe, uma mulher que não sabe cuidar de uma casa, não sabe cuidar de uma família. Dizia-me muitas vezes: “Minha filha tens de estar pronta para quando aparecer o homem que contigo vai querer casar”.

Às vezes por entre as cortinas, espreitava o convívio entre os moços e moças da minha terra e tinha tanta vontade de também me poder rir como eles. Mas só de pensar em algum dia, encher-me de coragem e pedir autorização para ir, as pernas falhavam-me e o coração parava. Ainda me lembro como se fosse à cinco minutos atrás, do momento em que a sra. minha avó me apanhou a olhar lá para fora! Agarrou-me de tal forma o braço que o ar deixou de me encher o peito.

“Menina, se a tua mãe te vê aqui!!! O que é que te interessa a pouca vergonha da rua??? Queres que toda a gente fale de ti? Como é que depois vais casar?”

Naquele tempo,não perguntávamos porquê. Os mais velhos mandavam e os catraios obedeciam. Mas na verdade, naquele dia, tive vontade de perguntar porquê… 

Não estava a fazer nada de mal. Bom… verdade verdadeira, eu estava a olhar para o Manel… Era tão bonito, o Manel.

Ai, se a senhora minha mãe, soubesse que na minha cabeça vivia o Manel…

Pudesse eu escolher e era para ele que eu iria cozinhar, bordar e limpar.

“Minha filha, não podes casar com um qualquer, tem de ser um homem de família, de porte, de dinheiro. Temos de esperar que ele vai aparecer.”

E eu esperei. Sempre a olhar para o Manel pela portada. 

E eu esperei. E o Manel casou com outra.

 
E eu esperei. “Minha filha não casa com estes badamecos. Tem de ser homem em condições!”

E eu esperei.  E cozinhei, bordei , limpei e cuidei da sra. minha mãe, que tanto de mim precisou e a quem fui sempre dedicada.Não só porque é meu dever de filha mas, principalmente porque sempre foi uma mãe exemplar.


E eu esperei.

 
E eu espero. Que a sra. minha mãe nunca se enganou.

 

A carta

Seria uma manhã igual a todas as outras, não fosse aquele envelope, que o tempo pintou de amarelo, se ter amarinhado nos seus pés.

Apanhou-o do chão em quanto olhava em volta na tentativa de reconhecer a procura do seu dono no meio da multidão que ali passava.

 

Não resistiu e abriu-o.

 

“Minha amada, conto os minutos até ao nosso reencontro, até o teu sol voltar a iluminar a minha vida...” Este era o início de 5 folhas.

 

Olhou para o relógio e para não variar estava atrasada mas mesmo assim não resistiu em continuar. “aqui os dias são intermináveis sem a tua presença...”

 

Nunca ninguém lhe tinha escrito ou dito tamanha declaração de amor. Num rompante escondeu o molho de papéis na mala. Voltou a olhar em sua volta mas desta vez com a esperança de não encontrar o verdadeiro destinatário.

 

Aquelas palavras agora eram só suas. “Musa do meu coração as flores invejam o teu perfume...”.

 

No meio de tantas passadas, era nas suas que ele tinha de vir parar!

 

Foi desfiando todo aquele amor ao longo do dia numa sofreguidão como se não houvesse amanhã.

 

“Minha amada, meu amor...” , “ ...o brilho dos teus olhos é mais reluzente que as estrelas...”, “...se ao menos estivesses aqui...”

 

E assim foi, dia após dia...

 

E lia... E relia... Todas as noites...

 

Na realidade não sabia de quem era aquela letra, nem à quanto tempo fora escrita, muito menos para quem se destinava mas era lhe impossível não se sentir amada em cada linha que lia.

 

Pensava nos homens que já tinham passado na sua vida e em como nenhum se comparava com este. Era como se tivesse encontrado o amor da sua vida e este lhe estivesse a sussurrar juras de amor ao ouvido.

 

E estas seriam eternas.

E agora?

Achava que a vida que não existia sem ti...
 
A sério que achava, não te rias!
 
Como é que alguma vez o mundo podia continuar a girar se tu não te sentasses todos os dias nesta mesa? Se não tu não chegasses todos os dias a casa e lançasses um sonoro:“Cheguei”.
 
E era assim... tão certo como pão para a boca!
Como é que não sentes falta dos nossos abraços? Ninguém, absolutamente ninguém dá abraços como nós! Podes procurar por onde quiseres.
 
Quando nos segurávamos nos braços, tornavamo-nos num. Um único rosto, um único corpo, um único cheiro!

Lembraste do quase desespero que sentíamos na urgência de nos vermos?
O mundo só fazia sentido, depois de um amo-te teu sussurrado ao meu ouvido. As manhãs eram perfeitas só por poder ficar a olhar para ti a dormir...
 
Eu sei que quando te foste embora, disse para nunca mais voltares, que ficava melhor sem ti, que não prestas. Disse-o com toda a força que uma mentira pode conter.
 
E agora o que é que eu faço ao meu amor, não me dizes???
 
Volta! Ouviste? Volta!
 
Eu sei que às vezes sou histérica e prometo que me vou controlar. Desta vez é a sério.
Quero te tanto!
Vamos tentar outra vez, sim?
 
Qual é o sentido de esticar o pé à procura da tua perna e só encontrar o frio da cama?
O mundo não pode parar de girar..
 
Pelo sim , pelo não hoje vou por dois pratos na mesa...

O ínício

Assim que o pé tocou no primeiro degrau da imensa escadaria, o coração disparou. 
Como nunca tinha disparado. 
Como se quisesse bater fora do peito e tivesse vida própria.
 
Não tinha dúvidas, pelo contrário, a certeza de que este homem era o seu homem, é que tornava este momento o mais importante da sua vida em cada degrau subido.
Deu por si com uma vontada esbaforida de viver toda a vida que tinha pela frente.Agora. Ali. Sem esperar nem mais um minuto.
Mais um degrau. E ainda estava tudo tão longe. Como é que ia aguentar sem desatar a correr?
 
E outro... e outro..e outro mais...
 
E lá estava... Ele, o homem,o seu homem, de postura elegante mas firme de quem veio para ficar.
Parou na entrada da porta e o coração voltou ao seu peito. Mesmo a Igreja estando cheia com as centenas de presenças que anteriormente eram imprescindíveis, naquele instante era só ela e aqueles olhos de avelã que afixaram e conduziam.
A loucura da chegada deu lugar a uma paz súbita, sabia que ali começava tudo o que de fantástico iriam acontecer na sua vida e queria desfrutar ao segundo e manter cada gesto e sensação na memória para que um dia pudesse contar ao seus netos, timtim por timtim como foi o dia mais feliz da sua vida.

Enquanto o caminho até ao altar encurtava, a garantia do viveram felizes para sempre aumentava.
 
Chegara finalmente! Pareciam que tinham passado horas desde que o pé tinha tocado no primeiro degrau.

Lado a lado, como os bonecos que tinham escolhido para o bolo... Mas aqui era real, bem real....
Foram precisos 3 anos desde o dia em que se conheceram até ao grande momento.
Na verdade já se tinham cruzado várias vezes antes do primeiro olá. No meio do rebuliço do metro à hora de ponta, já sabiam que o primeiro que chegasse ficaria à espera junto à 2º carruagem mesmo sem nunca o terem combinado. Aqueles 7 min de viagem antes da paragem dela enchiam o dia de ambos.
 
Obra do acaso ou destino marcado, viram-se obrigados em dia de greve a fazer o caminho, pé ante pé. Nunca mais se largaram.
Estava farto que lhe perguntassem se estava nervoso!
 
Por que raio haveria de estar nervoso, ia casar porque queria, porque acreditava que ela era sua companheira, ninguém o obrigara.

A mãe já tinha vindo a arranjar o nó da gravata para lá de muitas vezes mesmo com ele dizendo que estava tudo bem enquanto se ria do estado de ansiedade da senhora.
 
Vieram avisá-lo que tinha de entar, ela estava a chegar e se havia recomendações que ele tinha de seguir à risca, não ver a noiva antes de ela chegar à porta da igreja era garantidamente uma delas.
 
Pôs-se a postos na calma que já lhe era conhecida. Ouviu por entre sussurros “ já está a subir os degraus”.
Continuava seguro de si e sem tremer os joelhos, conheciam-se bem, sabia bem que a amava como nunca tinha amado nenhuma outra e que ela tinha em si o homem da sua vida.
 
Olhou para o nó da gravata e ajeitou-a.
E ali estava ela... A sua mulher amada.
 
Deixou de se reconhecer...Calma, calma, repetia vezes sem conta na sua cabeça. Não percebia o que é que se estava a passar, de repente a igreja pareceu imensa. Apeteceu-lhe gritar:Corre!!! Anda!!! Estou à tua espera!!!
Sentia-se dentro de um filme mudo, sabia que alguma coisa estava a tocar e que as pessoas estavam em burburinho mas não conseguia ouvir nada. A não ser os seus passos suaves cada vez mais perto e a batida do seu próprio coração.
 

 

Ver os seus olhos negros brilharem ali ao seu lado, trouxe-o de volta. Estava ali para ficar.