Uma vida inteira
Se lhes perguntarem à quanto tempo estão juntos, seguramente irão responder: "uma vida inteira"!
Não por ser cliché ou para impressionar mas porque é verdade. Não têm memória de existirem sem o outro ao lado, estão juntos desde o tempo em que faziam planos carregados da inocência própria de quem não conhece a vida.
A vida de cada um entrelaçara-se de tal forma na do outro que não era possível as dissociar. Era um coração, uma cabeça mas 4 braços para se abraçarem!
Apesar das muitas rugas e cabelos brancos, ainda é no peito dele que se sente em casa, em paz!
A vida não fora fácil mas mesmo nos momentos mais complicados nunca se largaram e sabiam perfeitamente que só estando um com o outro seria possível ultrapassar qualquer problema. Só ele a conhecia totalmente, talvez de uma forma que nem ela mesmo se conhecesse. Sabia que quando andava calada era porque algo a preocupava, que quando chegava junto dele e mordia o lábio de baixo, teria uma novidade que ele iria adorar.
Era o único que conhecia o ritual religiosamente cumprido todas as noites antes de dormir, de ler três páginas do seu livro. Nem mais nem menos. Dizia que uma ou duas não era o suficiente para sentir que estava a ler e que a partir da quarta entusiasmava-se, já não lhe apetecia parar e sabia muito bem que ele não consegue dormir de luz acesa.
Os filhos e os netos diziam na brincadeira que tinham sido feitos um para outro. E tinham mesmo, ou pelo menos, ela acreditava fervorosamente nessa ideia. Dizia que se assim não fosse, o coração dela não seria capaz de aguentar tanto amor!
Ele não perdera o hábito de mesmo rodeado de muita gente, lhe ir sussurrando docilmente ao ouvido, declarações e juras de amor!
Ela não saía de casa sem lhe dar um beijinho.
Sabia que nem todas as pessoas tiveram a sorte que ela tivera e não ia desperdiçar a sua!
Estava ali o maior tesouro que alguma vez poderia ter descoberto na vida e fazia de continuar a cuidá-lo como tal.